sexta-feira, junho 03, 2005

"A Europa estala"

Os boatos diplomáticos já o prediziam. A conjuntura adiantava o prognóstico. Os desentendimentos e desalinhos políticos já se ouviam nos corredores das instuições europeias. O Tratado Constitucional é o tendão de Aquiles iniciado com a política económica.
A Itália há muito pondera a salvaguarda à moeda europeia (sugere a dupla circulação retomando a lira)- hoje o Ministro da Economia italiano realça à Imprensa a força dessa possibilidade. O sonho europeu desvanece-se porque é megalómano, a alto nível.
Houve um salto abrupto nos últimos cinco anos que distanciou ainda mais o espaço público do círculo privado diplomático. O verniz da discórdia estala ainda mais e, na próxima cimeira de Junho, é emergente concertar uma solução para ultrapassar a depressão pós-referendos (as negas da França e da Holanda ditaram a sentença do fracasso; as sondagens da Dinamarca alinham no não).
Até aqui não se ponderou o fracasso do Tratado, não se planeou a estratégia do insucesso - não há plano B (os bons gestores têm sempre plano B) . A culpa? Essa é sempre solteira e inocente, mas neste ponto concreto a culpa é partilhada, sobretudo num nível subsidiário (em Portugal não houve uma única campanha de sensibilização sobre o que é o Tratado Constitucional Europeu). Que fizeram os Estados-Membros para afastar os fantasmas políticos europeus do espaço público? Um vazio oco e ressonante de silêncio....

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