quarta-feira, outubro 26, 2005

- O alter ego do capitão-

Ele, que por caminhos desajeitados sempre soube a rota da sabedoria e sabia, por certo, rejeitar a perdição e o encantamento, viu-se desprovido de respostas plausíveis ao calor do corpo juvenil da mulher de saia branca, a quem o vento presenteava com cerimónias eufóricas. A brisa tornou-se ventosa e levantava a saia alva da ruiva, com lábios de doce ternura e fatigadas olheiras de insónia. Os sonhos cansavam-lhe os pensamentos, mas nem por isso o Garcia deixou de lhe prestar as honras de galanteio e os olhares romanescos de um Dom Quixote ternurento e enfadado com os pretendentes da bela. De adormecida nada tinha, mas deixava escapar um movimento sonolento cada vez que o capitão lhe oferecia um colo lisonjeador, mas atrevido.
Reza a mulher de contas negras, que a bela de saia branca e liga preta - farta em peles de peito e aprumada de pernas e ancas - não se deixou perder de amores pela frugalidade de um amor à capitão, que sem porto e guarida, vagueava itinerante pela rama, sem raízes. Mais conta a mulher de contas negras, sabida e envolta num véu rendado, que usava para esconder uma beleza casta, que a rapariga de saia branca se apaixonou por dom Liberto, o pescador, homem da terra e irmão do capitão.

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