quarta-feira, setembro 07, 2005

O senhor Júlio fechou a mercearia mais cedo.
O Juca deixou a Gigi no shopping com o aviso habitual: "Vai lá 'mor. Vê se não gastas muito dinheiro. Volto daqui a duas horas".'
A dona Cândida acabou as lides da sala mais cedo, porque dentro de minutos aquele espaço transformar-se-ia num santuário de homens, frente ao santo televisor.
O André faltou à aula de música, à aula de natação e foi-lhe desculpado não pôr a mesa. "Vá! Por hoje passa".
A Celeste recebeu beijos apressados. O namorado hoje não abusou da sorte. Não lhe pôs a mão nas pernas a pedir mais qualquer coisinha.
O Garcia fingiu uma enxaqueca forte, para poder sair mais cedo do trabalho (mais tarde viria a saber que os colegas foram dispensados para sair meia hora antes). Afinal era o santo futebol. Era a Selecção. Há que ter tolerância.
Pois é! Só é pena que Portugal não páre. Não se indigne. Não refute os resultados com os árbitros da política- da gestão do país, do rumo desnorteado- quando o tema é a calamidade dos incêndios. Nessa altura, Portugal vive a vidinha pacata. Não se exalta. Pena é que o mais importante não páre o país, por um minuto que seja.

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