quinta-feira, agosto 11, 2005

O luto florestal

Não aprendemos nada! A verdade é que o ser humano sofre de uma terrível incapacidade de coordenação de prioridades e de uma lacuna cabal de actuar com eficiência. Ou melhor será dizer: os portugueses sofrem desse estúpido defeito que põe em causa a biodiversidade, a qualidade do ar, a vida dos outros. Tudo! As florestas estão cobertas de um luto interminável. Ardidas. Esquecidas. Dezenas de pessoas estão sem casa. E agora, ao fim de décadas cientes do mal de que padece o país, o Governo fala em plano nacional de emergência para prevenir e combater os incêndios. (Vem tarde e inconvenientemente!)
Custa-me pensar e constatar que só depois do roubo do fogo é que os portugueses resolvem comprar as fechaduras necessárias para travar esta desgraça. Não digo mais vale tarde que nunca porque esse argumento é inadmissível. Como é possível que nada tenha sido feito? Como é possível que ao fim de cinco anos o panorama das políticas de actuação relativas aos fogos não tenha mudado? Sim, esta estupidez calamitosa, funesta, podia ter sido evitada. Não venham com balelas e exercícios de retórica. Não me convencem de que era inevitável as florestas vestirem-se de luto este Verão. Afinal de que vale avisar? De que vale perder tempo com a diversão das cadeiras dançantes da política nacional? Meus senhores façam-me o favor de serem eficientes e, mais que isso, responsáveis pela situação actual. De que vale escrever cartas ao Governo? Advertir? A mim não me valeu de nada. Demito-me da participação política para expressar o meu desejo, mas apenas a minha consternação pelo egoísmo vigente.

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