sexta-feira, maio 14, 2010

o que te resta

explodes. respiras.

há a vida para uma eternidade, parece-te

encolhes, esticas.

e o eterno é um tempo passado, modorrento
é léxico parco no deambular
horas vagas, lentas


respiras. como respiras.

sonhos, bebes do ar
no lento aconchego do sussurro, de um sono que vem, enquanto tens tempo para ele.


há a vida para todo o sempre
sonhos, muitos sonhos, que faremos
faremos tantos! Ainda há tempo!

naquele dia; haverá sempre aquele dia em que o faremos

depois vem o futuro, que é presente

agonias, resignas-te, consolas-te, baixas os braços

o diafragma encolhe. desaprendeste a respirar. a encher o peito!

vêm os sonhos engavetados,
vem o léxico farto e a falta de tempo
vem a vida, ou um pedaço do que pode ser ela, quando começamos a deixar de viver

quando agoniamos no farrapo do que resta de nós, à noite
quando a máquina se vai por instantes

haverá quem te enxugue as lágrimas
se houver, a vida pode parecer-te essa eternidade que um dia foi

se houver, o todo deste nada pode ser tudo o que te resta

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