Lis é
cirandar, no singular
a preferir um plural de palavras
que um dia disseste sobre a primeira vez
cirandar é Lis num fio-de-pesca
que traça o pescoço, as mãos, cá dentro
Lis ciranda a preferir plural,
a eternizar o começo, como da primeira vez
cirandar estraçalha e dói
ciranda dentro dela é lembrar que as palavras, as plurais, são o oco do singular
que sempre vem
com a última vez
cirandar, num constante fim
com medo de recomeçar, como se fosse a primeira vez
cirandar, sabes, é voltar a fazer de sentidos vendados
cirandar é nunca aprender que há fim
cirandar, ouve, é cair outra vez
cirandar, percebe, é nunca ver azul após intempérie
cirandar em mim, sei, é andar com a máquina de tempestades às costas
cirandar, é um manifesto de colo que Lis nunca tem
ciranda é a paz que ela quis
é uma areia movediça, um saco apertado com sufoco
cirandar é Lis a não entender por que amar é um posto de ciranda a desequilibrar
Sem comentários:
Enviar um comentário