segunda-feira, junho 19, 2006

O Silêncio Nómada

Fechou os olhos ao som de uma cachoeira lendária. Fios de luz interferiam com os de água. As gotas corriam deslizantes pelo dorso de luminância. E imaginou os sons que aquelas cascatas de água concorrente faziam no silêncio do pensamento. (Ou do murmúrio do nada real). Assim, quis percebê-la em dois tempos. Em dois universos sonoros que se tocam mas não são iguais. Como se o hiato entre o mundo vivido, fosse ainda maior que o mundo pensado, cadenciado pela sonoridade que soa cá dentro. Tentou adivinhar, perceber, interpretar os diversos ruídos que se sobrepunham em simultâneo e diferenciados. O reflexo da água não o fez dispersar. E, no silêncio do pensamento, disse ouvir dezenas de ruídos escondidos que se estendiam ao longe, levados pelo fluxo daquela água.

Sem comentários: