segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Crónica de um mal-entendido

Disseste que sim e eu expliquei. Anuiste e eu reflecti. Deste a entender que três e quatro são sete e eu suspirei. Riste-te. Estendeste a conversa. Percebeste.Foi o que disseste. E não ia haver problema. Tudo era explícito. Entendível!
"Não há problema. Tudo bem".
E quando assim se fala não há nada por explicar. Não há mais nada a acrescentar. Mas na hora de pôr em prática o entendimento, tropeça-se nas palavras.
E não havia mais nada a explicar. O erro foi de quem explicou e não de quem não percebeu. Fui eu que expliquei. Desfiz o mal-entendido (desfiz?). Mas rompe-se sempre a conversa. Desgasta-se as palavras.
As tentativas de explicação (vezes repetidas). Um meandro de dinheiro. Uma pequena coisa. Um nada sem realce. Mas o desgaste lá ficou. O mal-entendido perdurou. Deixou marcas. Queima a vontade e a legitimidade. Talvez rompa com a ligação. Lá ficou.
Explica-se. Reformula-se a explicação. Tornamo-nos chatos. A pessoa não se lembra. Diz que não foi isso que entendeu. Mas anuiu. Disse que sim. Riu-se. Estendeu a conversa para além do necessário. Isso significou que tudo ficou claro. Mas não.
E porque não falávamos na altura do mesmo? Onde estava o descodificador da compreensão além das palavras? Um erro de entoação? Problema com a justeza das palavras. Do certo e do incerto? De tudo e de nada? De mim e de ti? Do valor de um mal-entendido? Do peso de um tropeção?

Sem comentários: