quarta-feira, maio 16, 2007

A velha rodopia baixinho.
Esfiapa os cabelos como novelos enrodilhados;
Desfia o xaile vermelho, já cansado dos Invernos. E bate na boca três vezes para expiar um pecado.

[E o sol lá fora que não aquece o pátio? E as colheres que caem na pedra fria? O panelão de ferro negro das fagulhas fumadas?]

Deixa o avô entrar com mãos ásperas. Arrasta os pés para dizer que chegou. Resmungar com a porta ferrugenta que mal consegue empurrar.

[Enquanto o sol se esconde no celeiro. E as colheres jazem no chão duro. E a água borbulha no amigo das centelhas].

A lenha comeu o tempo do almoço. As contas do rosário soltaram-se. Algumas estão na língua do velho labrador patudo! E já o avô beijou a avó. Nas mãos enrugadas que contam um terço imaginário!

[por vnrodrigues]

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