Quero um pedaço da chuva para chapinar:
e depois escorrer sem rumo pela calçada desgastada;
Um sussurro do vento para lhe suspirar:
e depois contar que ele guarde segredo;
Um raio do sol como um sorriso:
para me aquecer e esconder os olhos –
e de mansinho deixar que ele pinte de luz os poros do meu corpo;
Um trovão exaltado para o acalmar:
e dizer que sem ele não existiria medo –
[e logo logo lhe confessar que as crianças sabidas já contam os seus passos];
A neve esponjosa que me gele os dedos:
e depois lhe dizer que o friozinho é muito bom
[picadinhas apressadas, como agulhas rasantes] -
e que as mesmas crianças a julgam plasticina branca que moldam como barro;
Uma rajada atrevida que me levante a saia;
Uma chuvada torrencial que me molhe o rosto –
as mãos, o barro, a neve, o vento, os poros, os sorrisos, as calçadas; os arrepios, os medos… Um temporal apressado que se julgue desnecessário:
para lhe dizer que não poderia ter vindo em hora melhor.
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