Queria deixar-te uma carta escondida
Daquelas que só descobres anos depois
Na poeira de um baú
No folhear de um livro esquecido
Daqueles em que o papel se perde no mofo
No respirar do bafo sonolento
Na imensidão do tempo… ;
Queria deixar-te uma nota em papel pautado
Como um solfejo atrasado…em ritmo perdido!
Uma carta mal escrita…Uma lágrima manchada…
Uma carta…
E depois de a encontrares,
Pensares que afinal nada do tempo passou…
E que escondido como a carta aquela sensação…
Sem leres, pensares de novo
Os tantos lugares; os tantos rostos
Os escassos momentos de noites vazias
Ou alegrias passadas
Talvez sorrisos de amoras
E líquidos de seiva de mel…
Só queria deixar-te essa carta…
Que não vais ler…
Lacrá-la com o selo sofrido…
Nunca vivido!Sempre adiado!
Ficar em suspenso no tempo e, depois
Apenas achar num lugar qualquer
E guardar como a memória que nunca passou!
[Porque a verdade é que nem o tempo importa]
Sem comentários:
Enviar um comentário