terça-feira, março 06, 2007

Queria deixar-te uma carta escondida

Daquelas que só descobres anos depois

Na poeira de um baú

No folhear de um livro esquecido

Daqueles em que o papel se perde no mofo

No respirar do bafo sonolento

Na imensidão do tempo… ;

Queria deixar-te uma nota em papel pautado

Como um solfejo atrasado…em ritmo perdido!

Uma carta mal escrita…Uma lágrima manchada…

Uma carta…

E depois de a encontrares,

Pensares que afinal nada do tempo passou…

E que escondido como a carta aquela sensação…

Sem leres, pensares de novo

Os tantos lugares; os tantos rostos

Os escassos momentos de noites vazias

Ou alegrias passadas

Talvez sorrisos de amoras

E líquidos de seiva de mel…

Só queria deixar-te essa carta…

Que não vais ler…

Lacrá-la com o selo sofrido…

Nunca vivido!Sempre adiado!

Ficar em suspenso no tempo e, depois

Apenas achar num lugar qualquer

E guardar como a memória que nunca passou!

[Porque a verdade é que nem o tempo importa]


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