terça-feira, julho 18, 2006


Sob as águas malhadas do lago do nevoeiro, dança a poalha turva, sonâmbula e mal dormida.
Em breves ruídos estremunhados, ela sonha com as delícias de Inverno que competem com as cores quentes desse Outono sedutor. Ela sabe que é mais solta no Estio. Mais doce com as folhas secas. Mais genuína com os cheiros adocidados dos bafos quentes do arvoredo. E da humidade da terra.
A água, agora matizada com os reflexos circundantes das nuvens, (das árvores, das flores adormecidas, dos barcos, dos cisnes, dos patos, dos pássaros), revolve-se enrugada pelo vento célere que a inqueta. E pensa, saudoso, nas páginas de tempo que já rasgou. Nas rugas pardas que cravou no ar. E nos suspiros inquietos que deu sem pensar!

3 comentários:

Anónimo disse...

Se você dividir por versos, esse texto é um poema na forma. Pois no conteúdo ele já é. E pra mim também é um primor. Obrigado!

Unknown disse...

Obrigada Cássio. Beijo

Anónimo disse...

como me sabe bem abir uma página e sentir esse fluxo de emoções. às vezes flutuo com eles por esses lugares maravilhosos e desejo estar aí no meio...