segunda-feira, julho 21, 2008

Meio Homem


Dorme atravessado na cama. Cortou-a em três pedaços iguais e dorme no meio. Caminha em metade do mundo. Não sabe o que isso quer dizer, mas a sua vida não é deste mundo. Respira pela metade em espaços de cinco segundos, até 30. Seca a virtude para a tornar vício. Disseca os sentimentos para transformá-los em algo balofo, como a metade do seu mundo. Queria viver por inteiro, mas o cérebro só pensa fragmentado, em três partes exactamente iguais, para se ater ao centro. Sabe que o mundo não é mensurável. Mas o seu, sabe-o bem, divide-se assim: nessa vivência exclusiva pela metade. Na verdade, Z. sabe que esse mundo assim tão seu e tão esquisito, não anda tão longe desse mundo que dizem por inteiro. É um meio homem. Mas nunca conheceu um homem por inteiro!

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