quarta-feira, novembro 22, 2006

Sardo Pasmo


foto.grafia e texto de vnrodrigues

Estou agachado ao chão [e é lá que ouço as luzes dadas da cidade ruidosa]
No torresmo de terra batida – no aflito conforto do ponto de urze;
No espelho inquieto que se compraz com a pedra degradada;
E a esdrúxula memória da espera saliente.
Varrem jograis no marulhar citadino;
Semáforos que grunhem ao silêncio;
E raspam perecíveis úlceras à esquizofrenia dos dedos que cravam o ar;
É espera casta das memórias adormecidas;
O prazer dado, raspado da língua galgada pelo amargo;
Em doce trago depois [como esse, do mel jorrado em torrão]!
E lá, migalhas caídas no colo da velha que doba as linhas
[porque o pano retalhado desfiou - no chão onde chaparros desfloram amendoeiras enganadas].
E lá, alguidares perdidos no gasto galho seco gelado;
De neve imberbe, camareiro;
Olhos vendados; cheiros ríspidos;
Desertos vastos de xailes que não chegam a afagar-te.
Vagabundos mundos!
Riscas listradas de saliência tardia.
E o sardo pasmo das bocas amolecidas de bagaço;
Hálito telúrico, onde jazem incertos peregrinos de poeira sem rasto;
Pó (como um copo estilhaçado que volta a sê-lo). E pode, porém!
Sardos pasmos mais uma vez. Do rasgo sadio. Desmazelado entre miasmas secretos. Como bastasse.
Folhas secas que rangem ao chão. Em úlceras viscerais estremecidas,
Em orgástico sentido. Lá, onde as mulheres parem retrógadas ilusões.
Ásperas confissões do mundo por ver.
Sardos pasmos assim lépidos, mofados de maduros caroços comidos [trincados com gasta sensação, em espera demorada pela saliva de relevo].
Agora penetra. Esquece trémulas canduras deificadas, como a língua que roça o luar,
Sem poder deixar de fazê-lo.

terça-feira, novembro 21, 2006


Não se sabe por onde se escondem os segredos de Koop; ou porque fica frio no silêncio, onde se sentam. A verdade fica sempre lá, serenada na melodia. Ou no baixo subtil; esquecido num qualquer som de gaivotas. Se é swing? Escondido! Um jazz sentado à beira-mar. Bem vincado num barco que junta a ténue cadência do saxofone, traída por uma trompete; e depois silenciado por uma primavera precoce do xilofone que procura por si e depois olha para trás sem ver. É que não tem nada a perder, mesmo!Bateria ligeira; sons de baques, em mistura com aquele sedutor jazz solitário.

Koop Islands

Released: 2006-10-04

Record number: GRÅ C-6

Label: Superstudio

terça-feira, novembro 14, 2006

segunda-feira, novembro 06, 2006

Estou lá, naquele silêncio arrebatado; dos limites do limbo e dos rasgos das intolerâncias. Na turbulenta escassez de sentimentos e no pousio sereno daquele peito de abrigo. Estou lá, certamente, nas palavras escondidas; nos suspiros abafados; nos carinhos escorregadios de terra húmida, lamacenta e crivada nos passos ruidosos. Estarei lá, por certo, na inconsolável elasticidade da luz turva; sem serenidade ou coragem de perguntar; exigir o forte apelo do limite, onde por vezes descansa a lua; a noite ou a negritude da paz. VR