segunda-feira, agosto 28, 2006

-Segundos apagados de um copo sozinho;
Traços calejados por um gesto cerzido
[de estranhas memórias, castradas de tempo;
e volveres de prazer sensível – talvez demasiado]
como o seu;
o tardio relento do círculo da lua;
saliva doce; amargada depois;
cinzel que molda o corpo violento;
e as tradições sobranceiras [da inveja; da mágoa
e incerteza voraz que hesita];
Seria o bafo de insónia – delicioso assim mesmo!
Seria o espelho baço de humidade de corpos?
Ou assim incenso generoso que se rasga;
[usado pelo ar oxigenado de saliências silenciosas];
nessa calma que adora;
em linguagem sensível de abecedário por cunhar;
no sorriso pessoal, satisfeito por ninguém entender
[ou sequer perguntar];
sim a estranheza; tal como se é!
o cinismo que percorre aquela casa vazia
[a de que falei];
as velas saturadas que ardem até ao fim
[como o livro daquela conversa de amigos];
e o dia estende-se às horas perdidas [inacreditáveis depois];
as horas que passaram por extensão das texturas por sentir;
a saudade e a a falta agora do olhar sussurrado;
e que supor um ensaio seria inusitado;
enche-me assim esse copo vazio;
sem segundos modestos ou apagados vizinhos;
descansa de uma vez no braço selado;
e pede-lhe de novo aquele abraço prolongado.


Por VR

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