quarta-feira, abril 12, 2006

Mãos Silenciosas

Sabes que as rugas das mãos são o silencioso toque da memória,
Que aquecem o esquecimento do passado.
E que o sobreposto relevo dos traços
São os caminhos esquecidos
Das linhas tortas –
Tracejadas por amargas cúpulas de pétalas - e
Folhas rugosas.
Verdes e envelhecidas,
Como o grisalho do teu cabelo vivido;
E a robustez silenciosa,
Escondida na grandeza do teu sentir;
E a sensibilidade do teu pensar.
Do teu querer.
Do teu silencioso e terno olhar,
Antes de adormecer a saudade;
E o abraço esperado, ansiando recompensa paternal
Desprendida.
Liberta e um pouco embevecida.
Inquieta de novas para criar outras raízes perdidas,
Soltas para outras sementes.
Ansiante de as lançar,
Despojadas, sofridas,
Mas mesmo assim despojadas de amarras;
Presas apenas pelo sentimento indeclinável
De me querer amar.

(Poema feito para o meu pai, dia 3 de Abril)

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