À hora dos silêncios dos espaços entre os dedos, um ar qualquer toma conta dessa respiração ofegante: a da transpiração dedilhada. Se o olho chegasse ao zoom pormenorizado veria como cada poro se dilata para chegar à descrição. São dedos a arder, que passam o dia em provas de velocidade entre o alfabeto com vírgulas, acentos, pontos e muitos, mas muitos pontos e vírgulas, reticências com parêntesis e números por extenso. É que por vezes, como a vida, tentamos abreviar com representação numérica e esquecemo-nos que é melhor escrevê-la por extenso.
De esguelha e polidamente, as teclas lá vão obedecendo aos dedos que lhes batem com as pontas, num exercício de inveja. Isso porque eles sempre tentam saltar para uma qualquer outra letra que não aquela que ordenamos. Em vez de um “zê” um “esse” e prontamente uma palavra que não sabemos e pode significar algo noutra língua cujas formas de expressar as emoções poderiam ser mais delicadas ou rudes, com a pujança incerta de não dominar aquele linguarejar. Sempre é difícil controlar a ponta dos dedos que nos levam à gralha, e ao que por vezes pode orginar um erro ortográfico. É que os dedos, apesar de filhos do cérebro, podem não estar alinhados com as razões da alma que os leva àquela ou aqueloutra palavra e não à que justamente se ata com o valor que se quer. Por essas, dedicamos minutos de silêncio. Zeros representados por extenso, para prolongar o silêncio e o espaço entre a vida!
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