Poderia rasgar o que resta do céu e engoli-lo em soluços até me pregarem um susto. Um poço de ar entre as nuvens; o oscilar da frente fria com a quente. Mas essas molas de turbulência há muito que oxidaram, não são fofas e flexíveis. Deixam-se ir, porque gostam que as levem: já deixaram de respirar, por isso, o ar não importa.
Depois, zonza com a falta de oxigênio, poderia digerir cada palavra atirada que só o céu permite, com estranhamento, e engasgar-me com as espinhas que arranham a garganta e lá ficam. Tentaríamos a manobra de Heimlich para ver se aliviava, mas quanto mais pressionava, mais a respiração se tangia a poços de ar, em queda livre. Depois da última pressão, ela cai, com o que resta do mundo, em soluços.
Sem comentários:
Enviar um comentário