domingo, março 07, 2010

s.o.l.e.t.r.a.r




Sou mundo em convulsão. Solidão.
Restos de pó nos armários da casa,
Casas, paredes de pedra, silêncios, imensos…
Um voo sem asa, apneia, sustém, liberta.
Sou autismo, convento de silêncios e agonias
Arrepios de liberdade que se vão.
Não me agarrem
Deixem-me ir leve, como pena, gota de água, chuvas brisas, areia lambida pelo mar
Ar, tanto ar. Deixa-me respirar…
Sempre o ar para me deixar ir, levar, arrastar, sem nada,
Só ir, ir, ir… Para ver se o pó da casa ainda é o mesmo. E voltar.
Não me agarrem, deixem o sal correr pelo corpo.
Deixem os dedos enrugarem de silêncios,
De pores-do-sol que não vejo se aqui ficar,
De ventos que me afagam rostos de dias,
Rompendo o espartilho com que me abraças a sufocar.
Sou mundo em convulsão,
Vulcão sem lava, réstia de sol com tuas nuvens
Que me apodrecem a vida
As veias lentas que me correm de esboçados sorrisos.
Nada. Em nada. Um ego empolado. Esmagas-me de silêncios…
Mudez aflita, omissões daquilo que não sou. Solidão.

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